Ela vendia filosofia de Calçada, mudava pedaços de algumas poucas vidas e ia embora. Nunca encontrou ninguém que fizesse o mesmo por ela.
sábado, 26 de janeiro de 2013
Não sou eu, é você.
Você sentou do meu lado e eu fingi que não notei sua presença. Encostei minha cabeça na janela para tentar disfarçar minha inquietude. "Deveria estar na aula de Matemática", pensei. Usava meu brinco de penas e no momento em que seus olhos percorreram minhas pernas desejei estar vestindo um shorts menos revelador.
No entanto, logo que fui procurar por meu iPod para me desconectar deste mundo caótico, você me pôs no chão. Nas poucas palavras que usou, me passou confiança e naturalidade.
"Respeito", você disse inúmeras vezes. Mas bem que gostava dos nossos beijos quentes embaixo do MASP, não é? Entretanto, sempre ficava aquela sensação de que faltava alguma coisa. E esta "alguma coisa" tinha uma definição bem diferente para cada um de nós.
Você queria que eu usasse aquele par de calças pretas com mais frequência. Afinal, elas permitiam que você sentisse mais detalhadamente o meu corpo. Agora, injusto é confessar que eu raramente sentia arrepios. Triste é o pesar que me dava ao te ligar e escutar as conversas de fundo. Incerto é o porquê de experimentar tantas camisas e nunca comprar uma, mesmo que esta fosse a prova de café. Pior é que ao sentir o seu deleite escorrendo em minha mão, tive que fingir que no meu peito também havia suspiros.
Quanto a mim, não sei bem o que procurava. Acho que talvez um pouco de diversão, conhecer pessoas novas ou só uma pitada de ousadia. Sinceramente, eu sinto muito se te feri. Você é um cara legal. Não canso de repetir isso, porque é verdade. Mas esses encontros estavam indo para uma direção errada e eu não gosto de criar ilusões.
Em uma situação desta, a qual eu fujo, chego a parar e pensar: Parece que tenho medo de ser feliz. Mas depois a cabeça esfria. Pois isso não cabe neste caso. Afinal, o que me conforta é saber que felicidade seria algo que dificilmente conseguiria ter com você.
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